terça-feira, 10 de maio de 2011


"Depois que pari, minha barriga nunca mais encheu"
Encheu foi a vida em partida de sonetos famintos
Cada hora de cada vão foi preenchida pelos teus momentos, filho meu
Nunca mais ouvi de boca minha um eu antes de ti
Não se antecipou nem na hora nascida pra findar com minhas dores
No dia nono do mês nove, desgraçou minha porta com sua batida
hoje bate no peito como se não devesse a cada seio meu
tua existida maternidade fiz por fazer, não o quis nem no momento modelo
Cresceu na hora certa, falou quando tinha de ser
Até o passo primogênito de tuas solas ainda finas não surpreendeu meu não querer de ti
Voa agora rumo lamento disto
Traz a mim amanhã os anos que me perdeu e as noites em que me adoeceu os tímpanos
Indigna seja a aunsência do teu adeus, nem à "janelas de domingos" bateste
Vai, teu caminho que se feche entrededos divinos e que santo algum te abençoe
Por tal tragédia desenhada de meu útero, medre sua morte em vida
Em vinda que não chegues em bandas minhas, estas abas da terra te renegam como eu
Reze pra si mesmo e tenha minha praga que em ti sempre seja um dia sem Cristo terreno
Quando rugas criares que não tenha canto de encosta
E principalmente que daí um fim lhe demore e pronlongue teus traços de pele
Que tuas entranhas sequem como nossa árvore no jardim
E que não tenhas nem um seu que receba tal herança.
É o que te deixo em vida, filho meu
Não o raivo pelos olhos, só não o amo pelos lábios.
 
 
Otto Barros (09/06/2010)

Um comentário:

  1. Isso é dum édipo bonito, isso incomoda, incomoda. E é bonito, mas é, viu...

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